Os cargos de chefia das secretarias dos tribunais estão a ser preenchidos interinamente por funcionários sem habilitação própria ou formação adequada. A situação, denunciada pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais, atinge cerca de 50 oficiais de justiça.
O ministério confirma um reduzido número em regime de interinidade.
“Esta situação ocorre quando não existem candidatos habilitados com os requisitos legalmente exigidos (classificação de serviço, tempo na categoria e aprovação na prova de acesso), sendo neste caso nomeado o funcionário da categoria imediatamente inferior que reúna as melhores condições”, refere o esclarecimento da tutela enviado ao CM.
Em causa, segundo o presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, estão os cursos de formação para acesso na carreira nas categoria de escrivão de direito, técnico de justiça principal e secretário de justiça, responsável máximo nas secretarias dos tribunais.
“Os cursos que se realizaram já caducaram”, diz Fernando Jorge. “São válidos por três anos e o último foi dado 2000/2001. Em consequência, os funcionários deixaram de estar habilitados.” Tais cursos, explica, dão formação em gestão, recursos humanos e relações públicas, preparando as chefias para lidar com as pessoas que vão a Tribunal.
“O público dos tribunais é especial. Seja arguido ou vítima, tem um problema. É natural que o conflito seja latente e que haja situações menos agradáveis.” E destaca a importância de uma chefia habilitada em termos de formação “para conter esses excessos”.
CONDIÇÕES DE ACESSO
Segundo o estatuto dos funcionários judiciais, podem aceder à categoria de secretário de justiça, por exemplo, os escrivães de direito e técnicos de justiça principais, possuidores de determinados requisitos, e os oficiais de justiça possuidores de curso superior, com sete anos de serviço efectivo, classificação de ‘muito bom’ e aprovados na respectiva prova de acesso.
INSULTADOS NOS TRIBUNAIS
Trabalhar nos tribunais tornou-se mais difícil para quem está atrás do balcão a atender o público, sendo os funcionários alvo de injúrias, ofensas e comentários menos agradáveis sobre o seu trabalho. Segundo o presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, estas situações têm origem nas polémicas que envolverem os profissionais do sector contra o Governo – a redução das férias judiciais e a alteração nos Serviços Sociais do Ministério da Justiça, que limitou o número de beneficiários deste serviço. A contestação às reformas originou, em Outubro, uma greve geral que juntou não só funcionários, mas também juízes e magistrados do Ministério Público. Fernando Jorge diz que na origem dos insultos – são acusados de não quererem trabalhar – está a forma como o protesto dos funcionários foi passado para a opinião pública pelo Governo.
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Comments

2 Response to 'Funcionários inadequados nos tribunais'

  1. Anónimo
    http://lexfundamentalis.blogspot.com/2006/04/funcionrios-inadequados-nos-tribunais.html?showComment=1145396160000#c114539618410758935'> 18 abril, 2006 22:36

    Tudo isso é verdade nós os oficiais de jutiça somos maltratados pelo publico ao balcão, ao telefone, mas que se pode fazer onde ha uma pendencia de cinco mil processos (enerico) , uma seccção e com menos um funcionario, foi tranferido o colega e nao meteram mais niguem e os que la estão nao pdem fazer mais do que fazem, isto passa-se no tribunal do Entroncamento

     

  2. João Carlos Mendes da Silva
    http://lexfundamentalis.blogspot.com/2006/04/funcionrios-inadequados-nos-tribunais.html?showComment=1145399640000#c114539969766242584'> 18 abril, 2006 23:34

    Não é só no Entroncamento.
    Essa situação de sairem oficiais de justiça, seja por tranferência, para aposentação ou outra acontece por todo o país.
    Cada vez o fosso é maior. Se eles vão aguentando há que carregar mais um bocadinho.
    Estão a fazer dos OJ burros de carga.
    Um dia a casa vem abaixo e os políticos fogem com o rabo à seringa. Quem vai ficar a dar a cara nos tribunais é que vai sofrer.