O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, António Cluny, lamentou ontem a falta de apoio que "nos momentos mais duros" rodeou o antigo procurador-geral da República, Souto Moura. As palavras foram proferidas durante o almoço de homenagem a Souto Moura e Agostinho Homem, antigo vice-procurador, que ontem decorreu num restaurante da Margem Sul do Tejo, e onde estiveram presentes centenas de magistrados, advogados e funcionários judiciais, além de elementos policiais.
As palavras de António Cluny surgiram, aliás, como a pedrada no charco de discursos oficiais de outros magistrados, que directa e indirectamente atribuíram à Comunicação Social as culpas pelos vários incidentes que rodearam os seis anos de Souto Moura à frente da Procuradoria.É que depois de vários anos em que Souto Moura se viu atacado por vários sectores - inclusive judiciais - pela via da comunicação social, ontem, no dia da homenagem, o ambiente era bem diferente, com mais de 600 pessoas presentes no restaurante.
António Cluny, no entanto, acabou por pôr o dedo na ferida, dirigindo-se a Souto Moura e Agostinho Homem "Por isso, todos nós, os muitos procuradores, juízes, advogados e cidadãos, que aqui nos reunimos hoje, queremos dizer tão-só, que nos revemos no vosso exemplo e procuramos esquecer - envergonhados alguns - a falta de apoio que, nos momentos mais duros, terão sentido". A razão de ser de algumas falhas encontrou-as António Cluny na conduta de Souto Moura e e Agostinho Homem: "Ter sido, assim, procurador-geral da República e vice-procurador-geral como quem é apenas magistrado, acarretou, também, inevitavelmente - como todos sabemos -, incompreensões, ataques, pressões, ameaças e vinganças". Falhas que também foram associadas à condição humana: "Os mais - os desencontros, as faltas, as precipitações, as hesitações, que por certo as houve - são os nossos defeitos próprios, os defeitos de homens e magistrados que não são gestores ou comandantes e, quem nunca os teve ou os sentiu seus, que atire, sereno, a primeira pedra".
Mas ninguém atirou e, bem pelo contrário, se pedras houve foi contra a Comunicação Social, que aliás estava em peso no restaurante para acompanhar a homenagem. Por exemplo, Duarte Soares, presidente do Supremo Tribunal de Justiça, foi dos mais críticos e falou mesmo de "demónios acobertados nalguma comunicação social". Santos Serra, presidente do Supremo Tribunal de Justiça, referiu que "o tempo e a verdade da justiça não pode ser o tempo dos telejornais", manifestando-se contrário à "total abertura" e mesmo Agostinho Homem não deixou de falar das "setas da Comunicação Social".
No final, Souto Moura comentou a notícia divulgada pelo semanário "EXpresso" que dá como certo o reforço de poderes do PGR face à recusa na nomeação do vice-procurador, afirmando que os "poderes são suficientes".
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