Alguém decidiu avançar com uma ligação de metro que custa 150 milhões por km. Ninguém foi preso.
Independentemente do que acontecer à oferta da Sonaecom sobre a PT, uma coisa é certa: o sector vai passar por uma verdadeira revolução. Com o lançamento da OPA, Belmiro de Azevedo abriu uma caixa de pandora que acabará por revolucionar o mercado português de telecomunicações. Se a Sonaecom conseguir comprar a PT – e não é garantido que alcance este objectivo, sem subir o preço –, terá de retalhar a PT. Fica com uma rede fixa, a de cabo ou de cobre, aliena os conteúdos da TV Cabo e cede uma das licenças de telemóveis a um novo operador. Se os accionistas da PT resistirem a ofertas, será Henrique Granadeiro a alienar uma das redes. Prever como será o mercado de telecomunicações no prazo de um ano ou dois ainda é um exercício arriscado, mas haverá mais concorrência. Os actuais conceitos de rede cobre (a do telefone fixo) e do cabo ficarão obsoletos, uma vez que ambos permitirão o acesso aos mesmos serviços (telefone, internet e televisão). Entretanto, adivinha-se uma interessante agitação na Bolsa.
CRIMES IMPUNES
Os contribuintes portugueses vão pagar 300 milhões de euros pela extensão da linha de metro da Baixa-Chiado à estação ferroviária de Santa Apolónia, em Lisboa. Todos os portugueses pagam um ‘bilhete’ de 30 euros por uma curta ligação (pouco mais que dois quilómetros), que beneficia muito poucas pessoas. Se a intenção era ligar a rede de metro à de comboios, ela já existe na Estação do Oriente. Ainda por cima, esta factura já foi sobrecarregada pela infiltração de água no túnel do Terreiro do Paço, que aumentou os custos em 30 milhões de euros.
Num país civilizado, seria exigida uma auditoria a todo o processo, chamados à justiça os responsáveis e o respeito pelo dinheiro dos contribuintes deveria obrigar a que houvesse uma efectiva condenação criminal de responsáveis por acto tão lesivo do dinheiro público. Como é possível alguém dar ordem para se gastar 150 milhões de euros por quilómetro? Neste pobre País, a culpa morre sempre solteira e os poderosos continuam a brincar com o dinheiro público e nem há justiça criminal, nem sequer o repúdio dos eleitores que penalize estes actos.
Não é só a nível do poder central que estes abusos acontecem. Lisboa é testemunha de outro buraco monumental, o do túnel do Marquês, decidido pelo edil Santana Lopes, que não resolve nenhum problema estrutural de trânsito, só aumenta o fluxo de automóveis para o centro da cidade, e custa mais uma mão-cheia de milhões de euros.
Outro caso inacreditável. Depois de 1999 e já com todos os responsáveis políticos a saberem que as finanças públicas caminhavam rumo ao abismo, os quadros da Função Pública foram alargados em mais de 29 mil pessoas. Enquanto havia ministros das Finanças a falar em contenção, a corda continuava a esticar e a admitir pessoas, presumivelmente cidadãos com os cartões dos partidos que neste período foram alternando no poder. E mais uma vez a culpa morre solteira.
Pressão negocial. Com as negociações salariais que vão recomeçar a 4 de Outubro, adivinha-se uma nova guerra entre Governo e Função Pública por causa das actualizações salariais e as carreiras. A margem do Governo é muito estreita.
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