O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público enalteceu hoje a "coragem" com que Souto Moura e Agostinho Homem desempenharam os cargos de procurador e vice-procurador-geral da República numa "sociedade com sinais graves de corrupção".
"Enquanto procurador-geral da República e vice-procurador-geral foi, tenho a certeza, uma experiência e uma aventura que só com muita coragem, fé, foi possível levar a cabo numa sociedade como é, actualmente, a sociedade portuguesa", afirmou António Cluny."
Uma sociedade que, como referiu o Presidente da República, começa a dar sinais graves de corrupção. Corrupção da vida cívica, corrupção da economia, corrupção dos corpos e dos espíritos, mas, sobretudo, corrupção dos princípios", disse também o presidente do sindicato.
António Cluny falava na Charneca de Caparica, em Almada, no final de um almoço de homenagem ao ex-procurador-geral da República Souto Moura e ex-vice-procurador Agostinho Homem, que reuniu mais de 600 pessoas, entre magistrados do Ministério Público, juízes, advogados e funcionários judiciais.
Entre os presentes encontravam-se também a presidente da Casa Pia, Catalina Pestana, e o presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, Armando Leandro.
Defendendo que Souto Moura e Agostinho Homem nem sempre foram apoiados pelos profissionais da justiça e cidadãos "nos momentos mais duros", o dirigente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público elogiou a capacidade de ambos de "agir em consciência, na defesa da Constituição e da lei", e de "sobreviver às calúnias, dificuldades e obstáculos".
"Os desencontros, as faltas, as precipitações, as hesitações, que por certo as houve, são (...) os defeitos de homens e magistrados que não são gestores ou comandantes", acrescentou António Cluny.
Pinto Monteiro enviou mensagem
Ausente na China, o actual procurador-geral da República, Pinto Monteiro, enviou uma mensagem, elogiando os "dois magistrados de invulgar qualidade".
Mensagens de apreço a Souto Moura e Agostinho Homem foram também enviadas pelo antigo procurador-geral da República Cunha Rodrigues e pelo presidente da Ordem dos Advogados, Rogério Alves.
Avesso a homenagens, Souto Moura mostrou-se surpreendido por "encontrar tantas pessoas" num almoço que preferia ter sido uma "reunião de amigos".
Fazendo uma retrospectiva do seu mandato como procurador-geral da República, Souto Moura confessou que desempenhou o cargo "com alguma alegria". "Tive momentos de desfalecimento, descrença, mas também apoios, incentivos", relatou.
"Encontre o melhor caminho"
O magistrado reiterou que o Ministério Público "é uma peça fundamental para a construção de um Estado de Direito".
Ao novo procurador-geral da República, Souto Moura deixou uma "palavra de solidariedade": "Encontre o melhor caminho para fazer aquilo que não fui capaz de fazer".
No final, Souto Moura confessou-se preparado para novos desafios, mas ironizou: "Não estou predestinado a nada".Na homenagem ao ex-procurador-geral da República estiveram também presentes o presidente em exercício do Supremo Tribunal de Justiça, Duarte Soares, e o presidente do Supremo Tribunal Administrativo, Santos Serra.
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