O Hospital da Misericórdia de Vila Verde está a chegar ao limite da paciência devido às dívidas afectas aos subsistemas de saúde convencionados com as forças de segurança. Alguns agentes confessam-se envergonhados com a situação, uma vez que os atrasos nos pagamentos estão a completar um ano. A União das Misericórdias Portuguesas está já a concluir um levantamento dos montantes em dívida, altura em que fará um ultimato ao Governo. Em Vila Verde - onde inúmeros funcionários da GNR e PSP e tribunais de todo o distrito, tutelados pelo Ministério da Administração Interna e Justiça (agora na ADSE), se deslocam em busca das entidades de saúde protocoladas com os seus sistemas de saúde - também os médicos particulares, um pouco por todo o Baixo Minho, andam "agastados" com dívidas semelhantes. Situação que está a incomodar os visados, ao ponto de alguns agentes da PSP acharem, como confidenciaram ao JN, que mostrar o cartão do Serviço de Assistência na Doença é já "embaraçoso", devido às "bocas" que se ouvem. "Alguns médicos já desistiram e outros só não desistem porque têm medo de não receber o que está para trás", revelou a fonte. Na Misericórdia vila-verdense correram, de resto, rumores de uma ameaça de acabar com as consultas convencionadas, nas várias especialidades. Informação prontamente desdramatizada pelo provedor da misericórdia local, Bento Morais, que confessa o problema, sem, contudo, querer assumir uma posição tão radical. "É muito aborrecido, porque nós só somos ricos em boa vontade, mas vamos ver se a anunciada reestruturação da Saúde resolve alguma coisa", sublinha.
O presidente do grupo Misericórdia Saúde, Manuel Lemos, assume, no entanto, a probabilidade de denunciar com as tutelas o contrato relativo às forças de segurança, caso a situação não se resolva até ao fim do ano. "Assim que terminarmos o levantamento, vamos reunir e conversar sobre dívidas e valores das convenções", esclarece, referindo que "a tradição de cooperação de saúde entre misericórdias e polícias em geral", pode estar posta em causa, "com grande pena". É que as dívidas existem também noutras misericórdias que viabilizaram acordos do género. Um problema transversal que levanta também a questão dos "parcos" valores da comparticipação estatal. Bento Morais fala em valores "ridículos" de seis euros por consultas, normais e de especialidade. "O utente paga apenas cerca de 15 euros. O mesmo acontece nas cirurgias, endoscopias e vários outros exames", revela, relembrando que as comparticipações no sector público rondam os 120 euros por consulta.
O JN tentou obter, por escrito, um esclarecimento por parte da Direcção Nacional da PSP, mas não obteve qualquer resposta quanto às medidas a adoptar para resolver o problema ou sobre prazos de regularização das dívidas.
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