Milhares de pessoas terão entrado no recinto dos espectáculos da Queima das Fitas sem que tenham comprado o respectivo ingresso. Organização fala em fraude.
Houve «fraude num dos sistemas de entradas que permitiam o acesso ao parque», durante a última Queima das Fitas, o que terá permitido a entrada a «milhares de pessoas por noite, sem que tenham comprado o respectivo ingresso». Quem o diz é a comissão organizadora da festa, que ontem apresentou o relatório e contas, e que considera este um dos motivos para que «as receitas não tivessem atingido o valor desejado».
O caso está a ser investigado pelo Ministério Público, pelo que os estudantes não quiseram, ontem, entrar em mais detalhes. Disseram apenas que houve uma discrepância entre as receitas dos bilhetes e o número de pessoas no recinto dos espectáculos.De qualquer forma, tudo indica que é negativo o resultado financeiro da Queima das Fitas de Coimbra de 2005.
Mesmo que a comissão organizadora da festa venha a encaixar algumas receitas que, alegadamente, lhe serão devidas, no valor de 42.860 euros – respeitantes à dívida de quatro concessões de bebidas e comidas no parque (assunto que está a ser resolvido nos tribunais) e ao atraso no pagamento de um subsídio da Câmara Municipal da Figueira da Foz –, há quase 110 mil euros de impostos por pagar, montante que os estudantes não terão como suportar.
É que, depois de deduzidas do volume de receitas todas as despesas da Queima das Fitas (sem impostos), sobram 31.685 euros (o saldo previsível). Feitas as contas, haverá sempre 78 mil euros de impostos por pagar.
De acordo com a comissão organizadora, o facto de a Associação Académica de Coimbra (AAC) ter estatuto de utilidade pública pode significar que venha a ser ressarcida do valor dos impostos, o que modificaria o cenário de saldo negativo.
Porém, a verdade é que a comissão de 2005 viu-se obrigada a pagar dívidas de Queimas das Fitas anteriores, desta feita num «montante elevado», lê-se no relatório elaborado pelo tesoureiro, Hugo Santos. Que salienta «a dívida às finanças relativa a impostos não retidos na fonte em 2002». Foram quase 60 mil euros.
Entre outros constrangimentos, a comissão organizadora de 2005 fala da queda de receitas relativas à venda de cerveja (pelo facto de ter sido vendida em copos de 0,35 cl ao mesmo preço de anos anteriores). A comissão alega ter feito «uma forte aposta em bandas que aparentemente poderiam trazer mais público», o que «nem sempre se traduziu em receitas».
Ontem, o dux veteranorum e membro da comissão fiscalizadora da Queima das Fitas, João Luís Jesus, lamentou, que ainda não esteja constituída a comissão organizadora da festa deste ano. Em causa, o facto de, até ao momento, apenas haver sete comissários quando são oito as faculdades da Universidade de Coimbra. Da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física não se apresentou nenhum candidato. Caso a situação persista por mais uma semana, tomarão posse apenas os sete, disse João Luís Jesus.
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