O Conselho Superior da Magistratura (CSM) da Itália quebrou hoje, pela primeira vez, o silêncio que se impusera desde o início da campanha eleitoral e acusou o primeiro- ministro cessante, Sílvio Berlusconi, de «acusações gratuitas».

Berlusconi, numa reunião eleitoral em Nápoles, a duas semanas das eleições legislativas previstas para 9 e 10 de Abril, retomou hoje as suas habituais diatribes contra os juízes, a quem acusa de se encarniçarem contra ele.

«No Estado que queremos, os juízes não poderão ser utilizados para tentar eliminar os seus adversários políticos e garantir a impunidade àqueles que estão no seu campo, o campo vermelho, o campo da esquerda que se compromete de todas as maneiras e escapa sempre», acusou Berlusconi.

Virginio Rognoni, vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura, reagiu imediatamente, através de um comunicado em que apela à rejeição «da forma mais absoluta» das «tentativas de deslegitimizar a magistratura».

«Arrastar a magistratura para a campanha eleitoral, ou mesmo simplesmente uma parte dela, o que vai dar ao mesmo, é uma tentativa de deslegitimização que deve ser rejeitada do modo mais firme e absoluto», afirmou Rognoni.

Denunciando «acusações gratuitas», o vice-presidente do CSM apelou aos magistrados para que não responsam a «provocações».

A 24 de Fevereiro, a Associação Nacional de Magistrados (ANM) criticara contundentemente os ataques «irresponsáveis» de Berlusconi contra os magistrados «vermelhos» e, no dia seguinte, o presidente do Tribunal de Cassação, Nicola Marvulli, considerou que o chefe do governo devia sofrer de um «delírio de perseguição».

Contudo, foi hoje a primeira vez que o Conselho Superior da Magistratura desceu à arena eleitoral.

Berlusconi, arguido numa dezena de casos, nunca foi condenado em definitivo, beneficiando sempre de relaxes ou prescrições.

Os seus ataques contra os comunistas são habituais e ele alega ter salvo a Itália deles, ao lançar-se na vida política com o seu partido Força Itália, em 1994.

Hoje, em Nápoles, Berlusconi acusou o regime comunista chinês de ferver crianças para servirem de adubo aos campos.

«Acusam-me de ter dito que os comunistas comiam as crianças mas leiam «O Livro Negro do Comunismo» e descobrirão que, na China de Mao, eles não comiam crianças mas ferviam-nas para servir de adubo nos campos».

Berlusconi acusou a oposição de centro-esquerda, à frente nas sondagens, de contar com «três partidos que se declaram ainda, com orgulho, comunistas».

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