Vários juízes de 1.ª instância receberam nos últimos dias "boletins de recolha de dados", nos quais a Direcção Geral da Administração da Justiça (DGAJ) os interpela sobre questões de carácter pessoal.
O caso está a suscitar polémica na classe e há já um magistrado que apresentou uma participação na Procuradoria Geral da República (PGR) e na Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD). Jorge Langweg, juiz em Faro, disse ao DN que os 23 boletins recebidos pelos juízes são "ilegais" e violam a Constituição, porque "não é indicada a finalidade da recolha das informações" e, também, porque são pedidos dados pessoais não previstos na lei e não autorizados pela CNPD. No "inquérito" enviado aos Tribunais da Relação (que depois o enviou aos juízes), os magistrados são questionados, por exemplo, sobre se já sofreram alguma vez processos disciplinares, que idiomas dominam ou a que sociedades ou associações pertencem como sócios ou associados. É ainda pedida aos juízes informações sobre a identificação - pessoal, fiscal e bancária - de terceiros que estejam, eventualmente, a seu cargo, bem como dados relativos ao seu crédito e solvabilidade .
Informações que o juiz Jorge Langweg diz serem pessoais e "de recolha proibida". Por isso, já pediu a intervenção da PGR e do Conselho Superior da Magistratura.
Contactada pelo DN, a Direcção- -Geral da Administração da Justiça justificou tal inquérito com o facto de ter passado a ser este organismo do Ministério da Justiça a processar os salários dos juízes de 1.ª instância (que antes eram pagos pela Relação). O congelamento da progressão das carreiras fez com que os tribunais da Relação "se demitissem" desta função e a transferissem para o MInsitério da Justiça. Por isso, a DGAJ pediu aos presidentes das Relações que fornecessem os dados que tinham sobre os juízes: "Como funcionalmente lhe competia, foram solicitados por esta Direcção-Geral aos tribunais da Relação e aos tribunais Centrais Administrativos, e só a estes, os elementos em causa, que supostamente, aqueles tribunais tinham em seu poder". Acontece que o conteúdo do "inquérito" foi visto pelos juízes como "muito exaustivo" e violador da sua privacidade (bem como da lei).
Contactada pelo DN, a Direcção- -Geral da Administração da Justiça justificou tal inquérito com o facto de ter passado a ser este organismo do Ministério da Justiça a processar os salários dos juízes de 1.ª instância (que antes eram pagos pela Relação). O congelamento da progressão das carreiras fez com que os tribunais da Relação "se demitissem" desta função e a transferissem para o MInsitério da Justiça. Por isso, a DGAJ pediu aos presidentes das Relações que fornecessem os dados que tinham sobre os juízes: "Como funcionalmente lhe competia, foram solicitados por esta Direcção-Geral aos tribunais da Relação e aos tribunais Centrais Administrativos, e só a estes, os elementos em causa, que supostamente, aqueles tribunais tinham em seu poder". Acontece que o conteúdo do "inquérito" foi visto pelos juízes como "muito exaustivo" e violador da sua privacidade (bem como da lei).
A DGAJ recusa quaisquer responsabilidades nesta matéria, e atira-as para o Ministério das Finanças.
"A fim de se uniformizar critérios na recolha dos dados, foram enviados os adequados impressos, fornecidos pela Direcção-Geral do Orçamento (DGO)", sustenta a Direcção-Geral da Administração da Justiça num fax enviado ao DN, onde refere ainda que os boletins "deveriam ter sido preenchidos pelos tribunais de 2.ª instância" e de acordo com os dados que cada um tinha disponíveis. O caso já chegou também ao CSM. Edgar Lopes, porta-voz da instituição, afirmou que este órgão de gestão "vai tomar uma posição no sentido de dar uma indicação aos juízes sobre o que deverão fazer".
In DN
.
Governo recolhe dados pessoais de magistrados
A Direcção-Geral da Administração da Justiça ( DGAJ), organismo do Ministério da Justiça responsável pelo apoio ao funcionamento dos tribunais, mandou recolher dados pessoais de todos os juízes portugueses.
Ver notícia completa do CM aqui.
Ver notícia completa do CM aqui.
Comments
0 Response to 'Juízes instados a dar dados pessoais'