Portugal não tem meios de combate contra a corrupção. Essa é, pelo menos, a opinião do Grupo de Estudos da Comissão Europeia sobre a matéria. Se não há forma de combatermos a corrupção nada como conviver com ela. Acredita-se que esta é uma derrota honrosa do país.
Há quem considere que esta é uma má notícia. Não: é uma boa notícia. Para o país a corrupção é algo que faz parte da paisagem do país. É uma espécie de postal ilustrado da nação. Sem corrupção o que é sobrava para se debater nas mesas de café? Apenas e só o futebol. Era pouco. Portugal gosta de viver em crise permanente. E a corrupção, que todos encontram no guiché do lado, faz parte do nosso Fado. Freud escreveu sobre a angústia do êxito. Imagine-se que, um dia, Portugal domava o défice, destruía a corrupção, chicoteava a descrença colectiva. Teríamos de começar a rir. De levar a vida de forma alegre, como os brasileiros. Se dinamitássemos a corrupção o que é que faríamos a décadas, a séculos, de luta contra o Adamastor que nos atormenta e que dá pelo nome de Estado? Imagine-se que Portugal funcionava como um relógio de cuco suíço. Que tudo funcionava. Que aconteceria à nossa memória de «Vencidos da Vida», à nossa eterna descrença sobre a possibilidade de o país avançar a todo o vapor?
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