Recentemente, foi, por duas vezes - aqui e aqui - , suscitada a questão da necessidade da Associação Sindical dos Juízes Portugueses tornar pública a sua posição sobre acontecimentos ocorridos em países estrangeiros, quando está em causa o respeito pela independência do poder judicial desses países.
Os comentários onde foi suscitada a questão dão a entender que se espera da associação de juízes uma resposta a este tipo de solicitações - cada vez menos "externas".
Posto assim o problema, devemos perguntar-nos, primeiro, quando é que uma associação de magistrados deve pronunciar-se.
Posto assim o problema, devemos perguntar-nos, primeiro, quando é que uma associação de magistrados deve pronunciar-se.
Quando as agressões ao princípio da separação dos poderes estaduais são notícia, como sucede agora no Egipto, ou também nos casos em que essa agressão é perene?
Quando os factos ocorrem em realidades culturais que nos são mais estranhas, como o mundo "árabe", ou também quando ocorrem em países do primeiro mundo, como nos Estados Unidos da América (aqui e aqui)?
Em segundo lugar, é preciso definir o qual deve ser o tipo de medida a adoptar.
Em segundo lugar, é preciso definir o qual deve ser o tipo de medida a adoptar.
Deverá apenas a associação de magistrados revelar a sua opinião sobre o assunto (como revela sobre outros)?
Deverá intervir activamente, através de protestos ou missivas dirigidos a instâncias políticas portuguesas, a entidades diplomáticas, a organismos europeus ou às autoridades do país onde se dá a agressão?
Deverá dirigir mensagens de apoio aos organismos representativos da judicatura nesses países? Nestes dois casos, é relevante a divulgação pública das missivas remetidas?
Sob pena de se presumir que tem uma actuação casuística, ao sabor dos humores da opinião publicada em Portugal, é necessário conhecer qual é a estratégia de actuação da Associação Sindical dos Juízes Portugueses sobre esta matéria - até porque, sendo ela conhecida, os silêncios terão uma interpretação mais inequívoca.
Sob pena de se presumir que tem uma actuação casuística, ao sabor dos humores da opinião publicada em Portugal, é necessário conhecer qual é a estratégia de actuação da Associação Sindical dos Juízes Portugueses sobre esta matéria - até porque, sendo ela conhecida, os silêncios terão uma interpretação mais inequívoca.
No meu entender, uma coisa é certa: os povos vítimas da privação de um poder judicial independente dispensam bem o paternalismo estéril de comunicados para consumo luso ou a adopção de qualquer outra iniciativa - hipocritamente instrumentalizada - adoptada apenas para capitalizar simpatias com a sua divulgação nacional.
In Dizpositivo
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