Nestes últimos dias surgiu mais uma magnifiente campanha de marketing governamental para a justiça. Começou com um pacto "secreto" para a justiça, onde PS e PSD consensualmente, em nome de uma justiça melhor (leia-se em nome de uma supremacia do poder político sobre o poder judicial).
Inopinamente, alguns batem palmas ao consenso alargado para a área da justiça.
Sinceramente, de imediato torci o nariz.
Disse para mim, não há-de vir nada de bom!?
Espero para ver, céptico, claro.
Temos mais de 30 anos de democracia a intercalar entre a PS e PSD, ocasionalmente o CDS-PP em coligação.
Em suma, temos dois partidos responsáveis pelo estado em que se encontra o país, actualmente movidos por uma luta imaginária contra o déficit.
Em nome deste déficit tudo tem justificação. O denominado "programa legislar melhor" deveria ser apelidado de "programa legislar com mais ilegalidade e inconstitucionalidade".
A cumplicidade entre PS e PSD tem vários anos, senão veja-se as nomeações para o Banco de Portugal e CGD, em que intercalam à esquerda e à direita em busca da reforminha milionária. Afinal, apertar o cinto não é para todos.
Já alguém disse que o poder judicial é incómodo ao poder político e, ora lá está PS e PSD são o poder político incomodados pelo poder judicial, "mortinhos" por abafar uma justiça independente.
O problema da celeridade gira em si mesmo. Em nome da celeridade o poder político legisla inopinadamente, aprovando reformas de arrepiar todos os pêlos do corpo, numa base de "vamos ver o que vai dar". A justiça é um problema demasiado sério para se fazerem experiências. Não se ouve quem diariamente lida no "terreno", quem vai utilizar as normas no dia-a-dia, os operadores judiciários.
A última admissão de oficiais de justiça foi em 2000, e desde aí muitos foram aqueles que se reformaram e correram às reformas antecipadas com intuito de não serem prejudicados com a nova fórmula de cálculo.
Existem Tribunais com pendências de bradar aos céus.
Os servidores de alguns - muitos - Tribunais estão abarrotar pelas costuras. Computadores que demoram 15 minutos para iniciarem e 4/5 minutos para editar um documento.
Nem se fala dos programas dependentes da contabilidade. Onde pára a banda larga!
Destarte, sou completamente céptico a este pacto, pois acredito que seja um rude golpe do poder político unido com o fim de politizar e manipular o poder judicial, mormente nos Tribunais superiores.
Vira o disco e toca o mesmo, agora tocam os dois (PS e PSD) do mesmo lado do disco...
edit post

Comments

1 Response to 'Vira o disco e toca o mesmo...'

  1. Anónimo
    http://lexfundamentalis.blogspot.com/2006/09/vira-o-disco-e-toca-o-mesmo.html?showComment=1158053460000#c115805350796385378'> 12 setembro, 2006 10:31

    http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=214452&idselect=10&idCanal=10&p=200


    Lei orgânica